Já faz alguns dias que ando refletindo
sobre a política no Brasil e acredito não ser o único. Afinal, os noticiários
estão falando mais sobre o assunto nos últimos dias do que costumam falar em
período eleitoral.
A parte triste da história é que ainda
está muito difícil enxergar a luz no fim do túnel. Principalmente quando vemos
corruptos querendo ‘pagar’ de honestos liderando manifestações e ações contra a
corrupção não objetivando justiça, mas afim de satisfazer os próprios
interesses.
Buscando na Bíblia um momento que
retratasse um pouco do que estamos vivendo hoje, encontrei o livro do profeta
Daniel. Logo nos primeiros versículos o profeta argumenta que entendeu a
profecia de Jeremias que dizia que o exílio, ou seja, o sofrimento pelo qual os
israelitas estavam passando duraria 70 anos (Dn 9.2). Nesse momento o cativeiro
já durara 68 anos, então Daniel começa a enxergar lá no fundo, aquela luz no
fim do túnel.
O que nos traz um pouco de esperança nos dias atuais é
saber que a verdade tem se revelado, e um pequeno, quase imperceptível gosto de
justiça começa a surgir. Não temos uma profecia como a do profeta Jeremias para
saber quando o nosso sofrimento vai acabar, mas sabemos que ainda não é hora de
comemorar, mas esperar pacientemente as coisas acontecerem.
O que precisa ficar claro é que não
podemos esperar de braços cruzados, precisamos agir, fazer a nossa parte. Mas
como agir? Em Provérbios 31.8-9 temos um grande conselho:
“Erga a voz em favor dos que não
podem defender-se, seja defensor de todos os desamparados. Erga a voz e julgue
com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados”.
Muitos podem ler esse texto e entender
que é preciso se manifestar, ir para as ruas. Já até imagino as faixas:
“Chega
de corrupção! Queremos impeachment! Fechado com o juiz Sergio Moro...”
Mas será que a corrupção vai mesmo
acabar dessa vez? Será que o impeachment irá resolver o problema? O juiz Sergio
Moro terá condições de ser a voz dos desamparados? Queria eu que tudo isso
fosse verdade. Não com o olhar negativista, mas realista, volto ao livro de
Daniel e aprendo com ele que não posso fazer algo mais importante do que falar
com Deus sobre o assunto. Isso não significa que eu não tenho que me manifestar
publicamente, que eu não tenha que lutar pelos meus direitos e também dos
pobres e necessitados, pelo contrário, significa que a manifestação começa com
a confissão dos meus pecados e com o clamor de misericórdia a Deus.
Em nenhum lugar da Bíblia encontramos
relato de algum erro de Daniel, isso não faz dele alguém perfeito, mas já nos
constrange de alguma forma, até que nos deparamos com sua oração registrada no
capítulo 9 do livro que leva o seu nome, e então o constrangimento fica
completo. Depois de se incluir como pecador e clamar por misericórdia, ele
encerra a sua oração dizendo:
“Inclina os teus ouvidos, ó Deus, e
ouve; abre os teus olhos e vê a desolação da cidade que leva o teu nome. Não te
fazemos pedidos por sermos justos, mas por causa da tua grande misericórdia.
Senhor, ouve! Senhor, perdoa! Senhor, vê e age! Por amor de ti, meu Deus, não
te demores, pois a tua cidade e o teu povo levam o teu nome”. Daniel 9.18-19
Diante da corrupção dos homens de
Brasília e da minha própria corrupção, só posso pedir a Deus que tenha
misericórdia de nós, do povo brasileiro que às vezes não sabe porque luta ou se
luta do lado certo, mas que está sofrendo, seja qual for o lado, o partido ou a
bandeira. A palavra de Deus aborda em Eclesiastes 7.20 e reforça em Romanos
3.10 que “não há um justo sequer sobre a
terra”, portanto, rogamos ao Deus que se fez justiça por nós que tenha
misericórdia do povo brasileiro e nos dê um motivo para sorrir que não seja o
futebol, o carnaval ou qualquer outro entretenimento, mas uma política que nos
dê aquele gostinho de ser brasileiro com muito orgulho e muito amor.