Nos últimos dias, um dos assuntos mais
comentados e mais polêmicos é o estupro. Não quero nesse texto dar a minha
opinião sobre o acontecido no Rio de Janeiro na semana passada, o julgamento em
questão está nas mãos da polícia. O que quero aqui é trazer o que a bíblia tem
a dizer sobre o assunto.
Em Hebreus 4.12 está escrito que “a palavra de Deus é viva e eficaz”, e é
por isso que temos oportunidade e conteúdo para falar sobre o assunto. Temos
pelo menos dois casos relatados na Bíblia que dá a ideia de estupro, e o
detalhe é que aconteceram em famílias de grandes homens conhecidos até pelos
incrédulos, Jacó e Davi.
O primeiro caso que temos na Bíblia se
encontra já no primeiro livro, em Gênesis 34 conta-se a história de quando
Diná, filha de Jacó foi deflorada. Há controvérsias se Diná foi ou não
estuprada devido a ausência da palavra hebraica “chazaq”, que significa forçar. A ausência dessa palavra que
comprova que Deuteronômio 22.28-29, onde muitos pensam falar de estupro, fala
de fornicação. O verbo “violentar” presente na história de Diná (Gn 34.2) e na
lei de Israel em Dt 22.28-29 tem um sentido melhor como “humilhar”, pois não se
trata de usar a força no ato sexual e sim causar desonra. Naquele tempo, a
fornicação, ou seja, o sexo antes do casamento era motivo de desonra à moça e
à família dela. Nos tempos de hoje isso não é tratado como algo tão grave por
muitos, mas não deixa de ser um pecado abominável por Deus (1 Co 6.9-10).
Se o caso de Diná pode ser controverso,
temos um caso onde não há dúvidas, e o pior, trata-se de um crime cometido pelo
meio-irmão da vítima, estou falando do caso de Tamar, filha de Davi, que foi
estuprada pelo seu meio-irmão Amnom. O relato está em 1 Samuel 13 e não deixa
dúvidas de que foi um legítimo e triste caso de estupro. Em muitos casos nos
dias de hoje, há aqueles que absurdamente dizem que uma ou outra mulher
mereceram tal atitude por conta de roupas ou liberdades dadas, dentre outras
coisas. Considerando que no tempo de Tamar as filhas do rei virgens utilizavam
uma túnica longa, ou seja, uma roupa extremamente comportada e que no início do
capítulo, a Bíblia relata que Amnom via como impossível uma aproximação de
Tamar (2 Sm 13.2), dá-se a ideia de que ela não lhe dava liberdades para chegar
a esse ponto. Portanto, afirmo que o problema não está na vítima, e sim no
coração ou na falta dele, de quem comete o delito.
Jesus disse em Mateus 24.12 que “devido ao aumento da maldade, o amor de
muitos esfriará”. É por isso que a violência e a injustiça têm aumento a
cada dia. É por isso também que os dias foram abreviados (Mt 24.22).
Falando agora das consequências para os
criminosos, tanto Siquém, quem violentou Diná, quanto Amnom tiveram o mesmo
fim, foram assassinados. Siquém ainda trouxe mal a todo o seu povo, pois todos
os homens foram assassinados por Simeão e Levi, irmãos de Diná. Amnom também
foi assassinado por seu meio-irmão Absalão, porém, vale lembrar que ambas as
atitudes foram reprovadas pelos pais Jacó e Davi e principalmente por Deus. Fez
se verdadeiro o que diz o Salmo 42.7: “abismo
chama abismo”.
Nos tempos antigos, na dispensação da lei, ou seja, no
Antigo Testamento, estupro e adultério eram crimes que tinham como punição a
morte. Porém, nos tempos de Jesus, tivemos um caso de adultério relatado em
João 8, onde a mulher inclusive foi pega em flagrante, mas Jesus não a condenou
à morte, antes deu uma segunda chance àquela mulher, de se arrepender e
abandonar o pecado (Jo 8.11). Não quero aqui pregar a impunidade, longe disso,
creio que as leis civis existem para que a justiça seja feita, mas pagar o mal
com o mal, fazer justiça com as próprias mãos nos deixa no mesmo nível dos
criminosos, faz de nós também pecadores, e o salário do pecado é a morte (Rm 6.23), e não uma morte simplesmente física, mas eterna. Então, sigamos o que o
apóstolo Paulo ensinou aos Romanos:
“Amados, nunca procurem vingar-se,
mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu
retribuirei’, diz o Senhor”. Romanos 12.19
Falando agora das consequências para as
vítimas, sem sombra de dúvidas, o mal cometido traz sérias consequências à
vítima que necessita de apoio dos familiares e dos amigos e também de
tratamento psicológico. Além disso, precisamos nos lembrar o que diz o Salmo
103:
“É Ele que perdoa todos os seus
pecados e cura todas as suas doenças, que resgata a sua vida da sepultura e o
coroa de bondade e compaixão, que enche de bens sua existência, de modo que a
sua juventude se renova como a águia. O Senhor faz justiça e defende a causa
dos oprimidos”. Salmos 103.3-6
Deus pode trazer cura e resgatar da
sepultura às vítimas oprimidas. Ele também faz justiça, porque Ele é bom, e a
sua benignidade dura para sempre!
Que Deus tenha misericórdia e traga
cura e restauração às vítimas e aos que sofrem com elas!