quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Mocinho ou vilão?

         Mocinho ou vilão? Inocente ou culpado? Oprimido ou opressor? Nem sempre é fácil saber qual é o lado correto, quem está falando a verdade etc. Há o ditado que diz que “a voz do povo é a voz de Deus”, mas sabemos que isso não é verdade, pois o povo frequentemente se engana.
         A Bíblia conta em Lucas 19 quando Jesus resolveu se hospedar na casa de um homem chamado Zaqueu, algo que foi motivo de escândalo para toda uma cidade.
“Todo o povo viu isso e começou a se queixar: ‘Ele se hospedou na casa de um ‘pecador’” Lucas 19. 7
         Para os judeus, os publicanos, como Zaqueu, eram sempre vilões, os samaritanos também. E para nós? Será que em nossos dias há também aqueles que são julgados devido à classe em que pertencem? Vejamos alguns dilemas: Os policiais são todos corruptos? Os moradores da favela, os corintianos ou os flamenguistas são bandidos? As mulheres são todas más motoristas? Os ricos são todos miseráveis? Poderíamos gastar um bom tempo com esses dilemas. São muitos Zaqueus em nossos dias.
         Temos facilidade em enxergar o erro do outro, além de rotulá-lo, mas temos dificuldade de enxergar os próprios erros e aceitar rótulos. O fato de estarmos em Jesus não nos isenta a erros, continuamos lutando contra o pecado. A Bíblia diz que se estamos em Jesus somos nova criatura (2 Co 5.17), mas ela diz também que não há um justo sequer (Rm 3.10), todos pecaram (3.23), portanto, somos todos culpados, somos todos vilões. Jesus morreu por causa de homicídios, assaltos e furtos, mas também por causa de mentirinhas, fofocas e vícios. Todos os nossos crimes colaboraram para o seu sofrimento e morte. A grande questão é que hoje, Deus não nos chama pelo nosso pecado, ele não nos dá esse rótulo. Não nos chama de mentiroso, imoral, desobediente ou viciado. Ele nos chama de filho. Isso se chama graça!
         A graça faz do vilão o mocinho. Jesus olhou para Zaqueu e se hospedou em sua casa não porque ele era mocinho, mas porque ele também era um vilão que precisava da graça de Deus para se tornar um mocinho. E para que a graça de Deus se manifeste em nossas vidas precisamos enxergar o vilão que há em nós!
Na carta aos Romanos, no capítulo 5, versículo 20 está escrito que onde abundou o pecado, superabundou a graça. O grande problema é quando queremos receber graça de Deus sem apresentar os nossos pecados. Jesus em Mateus 7 prega contra a hipocrisia, ele nos ensina primeiro a tirar a trave do nosso olho para depois se preocupar com o cisco no olho do irmão. Um bom exemplo de autoanálise podemos ver em Isaías. No capítulo 5 você verá o profeta dizendo: “Ai de vocês gananciosos (Is 5.8)! Ai de vocês cachaceiros (Is 5.11)! Ai de vocês incrédulos (Is 5.18)! Ai de vocês falsos profetas (Is 5.20)! Ai de vocês que se acham (Is 5.21)! Ai de vocês juízes injustos (Is 5.22-23)!”. Mas no capítulo 6, onde ele registra o chamado de Deus em sua vida ele diz: “Ai de mim (Is 6.5)!”.
Zaqueu poderia ser visto como alguém autossuficiente, mas a sua busca por Jesus mostrava que nele havia uma sede de justiça, graça e misericórdia. Outra coisa que nos surpreende na vida de Zaqueu é que ele não era o vilão que as pessoas pintavam, pelo menos não é isso que o texto nos conta. Quando ele diz para Jesus que dava aos pobres metade do que tinha (Lc 19.8) veja que está no presente e não no futuro, ou seja, aquilo já era uma realidade em sua vida, mas ele não quis ficar se justificando às pessoas na rua, mas fez isso diante de Deus.
         O que salvou Zaqueu não foi a sua generosidade, mas a sua fé. A fé de Zaqueu foi demonstrada também através de obras, e por isso a graça de Deus esteve sobre ele e houve salvação em sua casa!
         Saiba que não importa se você é rico ou pobre, branco ou negro, homem ou mulher, Jesus morreu por você.  Não importa se as pessoas o veem como mocinho ou vilão, o que importa é que você enxergue o vilão que há em você para que a graça de Deus possa te alcançar.

         A maioria das histórias que vemos nos quadrinhos e no cinema são de heróis imperfeitos que tem como missão salvar a humanidade dos bandidos. Mas o nosso Herói não é de mentira, além de ser perfeito. Ele verdadeiramente veio ao mundo para nascer, viver e morrer para que os criminosos que crerem nEle não pereçam, mas tenham a vida eterna.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

O virgem de quarenta anos

         Antes de apresentar os nossos personagens de hoje, é bom lembrar que um homem virgem de quarenta anos não era nenhuma novidade na narrativa bíblica, principalmente na era patriarcal. Abraão se casou por volta dos 49 anos, Jacó com 47, José também depois dos 30. Talvez seja porque eles viveram mais de 100 anos, mas isso não vem ao caso em nossa história. O virgem que contaremos a história é Isaque e sua esposa foi Rebeca, mas veremos no decorrer da história que vários outros personagens foram importantes para que esse romance acontecesse.
         O romance de Isaque começa com seu pai, Abraão. Como assim? Ele entendendo que estava perto de sua morte, organiza as coisas para dar continuidade à sua descendência. Abraão chama o seu servo mais velho, provavelmente Eliezer, e então pede que ele faça um juramento. Quando alguém pedia para outra pessoa colocar a mão debaixo de sua coxa (Gn 24.4) era algo sério, tratava-se de um juramento de morte. E o que era tão importante assim? A busca por uma esposa para Isaque, ou melhor, a busca pela esposa de Isaque. Não se tratava de uma qualquer, mas daquela que Deus tinha para ele. É diferente!
         Abraão pede ao seu servo para buscar a esposa para Isaque em sua antiga terra (Gn 24.4). Se isso acontecesse hoje seria um tanto curioso, já que a antiga Mesopotâmia hoje é o Iraque e parte da Síria.
         O servo de Abraão entende a missão, mas logo pergunta no versículo 5: “E se a mulher não quiser vir a esta terra? ” (Gn 24.5). Se a mulher não quisesse mudar para Canaã, hoje Israel? Será que Eliezer deveria fazer com que Isaque voltasse para antiga terra de seu pai? A resposta vem no versículo 8: “Se a mulher não quiser vir, você estará livre do juramento. Mas não leve o meu filho de volta para lá” (Gn 24. 8). Não há registros, mas dá para imaginar o suspiro aliviado de Eliezer ao topar a missão dada por seu patrão com essa condição. A preocupação dele era justa, certamente ele se lembrara da promessa de Deus a Abraão no início de tudo (Gn 12.1-2).
#PartiuMesopotamia
         Entendendo o que deveria fazer Eliezer pede direção ao Senhor (Gn 24.12). Agora percebe-se porque Abraão confiava nele, não é mesmo? Era alguém temente a Deus, digno de total confiança nessa tarefa. Já vi muita gente brincar de fazer prova com Deus. Usam coisas isoladas para “ouvir” Deus falar. Pedem confirmações através de fatos nada relevantes para a questão. Era como se basear um pedido de demissão tendo como confirmação de Deus a vitória do seu time no fim de semana. Não faz o menor sentido.
         O servo de Abraão pede um sinal para Deus destacando as qualidades de sua futura patroa. Aquela que não desse água somente a ele, mas também aos 10 camelos que estavam com ele, essa sim seria a mulher de Isaque (Gn 24.14). Menina prendada, atenciosa, trabalhadora. Apenas para informação, Eliezer tinha andado 800km. Consegue imaginar a sede daqueles camelos? Um camelo só conseguiria beber 90 litros de água. Imagine 10! Imagine quantos cântaros Rebeca não pegou até saciar os 10 camelos! Realmente era uma moça diferente. Além de bonita e prendada, deveria ter um bom preparo físico, não é mesmo?
         Quando Rebeca terminou seu trabalho árduo, Eliezer colocou nela um pendente e duas pulseiras de ouro (Gn 24.22). Esses presentes valiam um ano de trabalho. Depois disso, começa a entrevista com a candidata à nora de Abraão: De quem você é filha? Será que não dá para eu e alguns rapazes dormir na casa de seu pai? (Gn 24.23). Rebeca faz então a grande revelação: ela era neta de Naor, irmão de Abraão, ou seja, ela era a filha do sobrinho de Abraão, prima segunda de Isaque. Que maravilha! Do jeito que o patrão pediu a Eliezer.
         Eliezer é muito bem recebido na casa de Betuel e na hora do jantar diz que queria dizer o que estava fazendo ali antes de jantar. E Labão, irmão de Rebeca, diz logo: Desembucha! (Gn 24.33). Eliezer então conta toda a história. Fala como está Abraão, explica sua missão e toda a sua trajetória e faz o pedido de casamento em nome de Isaque (Gn 24.34-49). Não deu outra. Sem pestanejar Betuel e Labão entenderam que aquilo era de Deus e liberaram a Rebeca para seguir viagem com Eliezer.
         Antes de seguir viagem Rebeca deu o seu “sim” (Gn 24.58), confirmando que os planos de Deus são perfeitos e que ela estava de coração aberto para aquele relacionamento.
#PartiuCasamentoEmCanaa
         Isaque estava no campo, meditando, ou seja, era alguém pensativo, quando avistou uma caravana (Gn 24.63). Rebeca notou que alguém os observava e vinha ao encontro da caravana, e quando descobre que é o seu noivo trata de se cobrir (Gn 24.64-65).
         Devido a distância dos parentes da noiva e da morte da mãe do noivo, não houve festa, eles consumaram o casamento na tenda da mãe do noivo e então seguiram suas vidas, agora como marido e mulher.
         Muita gente tem dificuldades de aceitar que um casamento arranjado como foi o de Isaque e Rebeca tenha ocorrido algum romantismo, mas, não é o que o texto os capítulos 24 e 25 de Gênesis nos mostram. Ao longo de toda a história entendemos que Deus havia feito Rebeca para Isaque e vice-versa. Eles tinham o mesmo número, eram o encaixe perfeito, assim como creio que Deus tem para cada um. Você já encontrou o seu?
Você solteiro(a) e que ainda não está namorando, lembre-se que os tempos mudaram, mas o Deus do passado é o mesmo Deus de hoje. O Deus que uniu Isaque e Rebeca, é o mesmo Deus que unirá você à sua metade.
Você que está namorando, o seu namorado é o seu número? A sua namorada é realmente a sua costela perdida? Se você não sabe ou não tem certeza, com o tempo saberá. O namoro existe para vocês decifrarem isso, pois é a fase onde um conhece melhor o outro, dentro claro dos limites determinados pela palavra de Deus.

         Antes de encerrar, quero deixar claro que não estou aqui pregando para você rapaz esperar os seus 40 anos e então enviar alguém para buscar uma esposa para você e nem você moça de esperar alguém vir te buscar na casa do seu pai. Estou utilizando essa belíssima história de amor para lhe dizer para entregar o seu coração ao Senhor. Entregue seu relacionamento para ele direcionar, pois os caminhos dele são perfeitos. Dele é que nasce o SIM para a vida toda!
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