Conheço muitos casos de pessoas que desanimaram na
caminhada cristã. Alguns dizem que cansaram de ser ‘certinhos’. Muitas vezes
isso acontece devido a alguma decepção ou devido à uma provação onde eles invejaram
alguém que parecia não ser tão certinho. O que fazem as pessoas tomarem essa
decisão é o fato de que a vida do ímpio parece ser menos dolorosa ou mais prazerosa
que a do justo, logo se torna mais atrativo não ter uma vida tão ‘certinha’. Veja
o que escreveu Asafe:
“Quanto a mim, os meus pés quase
tropeçaram; por pouco não escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando
vi a prosperidade desses ímpios. Eles não passam por sofrimento e têm o corpo
saudável e forte. Estão livres dos fardos de todos; não são atingidos por
doenças como os outros homens”.
Salmos 73.2-5 NVI
Certo dia, conversando com um amigo que
estava afastado da igreja ouvi coisas semelhantes. Ele pensava: Porque enquanto
eu procurava me comportar como justo, considerando os princípios bíblicos eu
sofria e agora que ignoro boa parte desses princípios eu me sinto confortável?
Será que vale a pena voltar a sofrer?
A revolta do salmista também não ficou
só nos pensamentos, veja os versículos seguintes:
“Quando o meu coração estava
amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante; minha
atitude para contigo era a de um animal irracional”. Salmo 73.21,22 NVI
Os pensamentos de Asafe se
concretizaram em atitudes insensatas, ignorantes, irresponsáveis, irracionais.
Mas porque isso tudo? Ele conhecia a verdade, conhecia à Deus, mas decidiu não
agir como quem O conhece, exatamente como esse meu amigo.
Quando lemos o Salmo 73, o que nos
alegra é saber que a crise existencial de Asafe já era coisa do passado, ou
seja, ele já havia superado. Confirmamos isso através dos verbos ‘tive’, ‘sentia’,
‘agi’ e também das combinações ‘quase tropeçaram’ e ‘por pouco não escorreguei’.
O salmista teve um momento em que ele pensou não
valer à pena andar segundo à verdade, a bíblia, ou melhor, como ele próprio disse,
houve um tempo em que ele nem pensava, pois se comportava como um animal irracional,
mas no fim do seu salmo, vemos que ele chegou a uma conclusão diferente, veja:
“Contudo, sempre estou contigo;
tomas a minha mão direita e me susténs. Tu me diriges com o teu conselho, e
depois me receberás com honras. A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra,
nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão
fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre. Os
que te abandonam sem dúvida perecerão; tu destróis todos os infiéis. Mas, para
mim bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio; proclamei
todos os teus feitos”. Salmo 73.23-28
Asafe refletiu sobre sua condição e
então lembrou-se que o Senhor o dirigia não para uma vida miserável, mas para uma
vida com honras. Então ele percebeu que até o seu sofrimento fazia parte dos
planos de Deus e que a vida com honras no céu era eterna, enquanto a vida de
sofrimento na terra é passageira, momentânea, conforme escreveu Paulo em 2
Coríntios 4.16.
Ele lembrou que aqueles que abandonam à Deus certamente
perecerão, mas os que permanecerem fiéis serão sustentados pela Sua força,
encontrarão refúgio nEle e receberão a Sua herança, a eternidade na glória.
Que a nossa fé em Deus possa superar
qualquer crise existencial! Lembremos que Ele é o nosso refúgio, a força do
nosso coração e a nossa herança. Bom é estar perto dEle!