Cresci em uma família na qual pamonhada
é sinônimo de festa, mesmo considerando o trabalho de descascar, ‘catar’ e
ralar o milho, além de temperar a massa e cozinhar a pamonha. Em muitas
pamonhadas promovidas ainda tivemos o trabalho de plantar e colher, e ainda o ter
que carregar os sacos com milhos em um percurso não tão curto e cheio de
obstáculos. Mas sabe de uma coisa? É bem legal. O trabalho é compensado pelo
produto final e principalmente pelo momento de comunhão. Tenho saudades do
tempo em que essas reuniões eram mais frequentes.
Outra coisa muito comum entre família e
amigos é a reunião para se fazer um churrasco. Às vezes comemorando alguma
coisa, às vezes para descontrair, enfim, uma carne assada sempre cai bem, não é
mesmo?
Existem ainda as pessoas mais animadas,
não é o meu caso, que saem para pescar durante dias e para isso viajam por
horas, muitas vezes em estradas em péssimas condições.
Talvez você esteja tentando saber onde
quero chegar com esse assunto ou cardápio, então lá vai. O objetivo desse texto
é falar sobre comunhão, união entre os irmãos. O Salmo 133 fala um pouco sobre
a vontade de Deus para a Sua família. Vejamos:
“Como é bom e agradável quando os
irmãos convivem em união!”. Salmos 133.1
O adjetivo ‘bom’ na Bíblia precisa ser
observado com atenção. Quando a Bíblia fala que alguma coisa é boa não se trata
de uma opinião mutável do homem, mas da opinião imutável de Deus, ou seja, se
Aquele que sabe de tudo está dizendo que uma coisa é boa, não há mais
discussão. E ele não diz que a união não é só boa, mas também agradável. Se não
bastasse os adjetivos bom e agradável, Davi, o autor do Salmo, nos aproxima ainda
mais da realidade, nos mostrando o nível de satisfação do Senhor através de
ilustrações nos versículos seguintes:
“É como óleo precioso derramado sobre
a cabeça, que desce pela barba, a barba de Arão, até a gola das suas vestes”. Salmos 133.2
O óleo precioso utilizado para ungir
reis e sumo sacerdotes, como foi o caso de Arão, era um óleo que não poderia
ser fabricado para uso pessoal e muito menos comercializá-lo, pois simbolizava
a unção do Espírito Santo. Quando Deus ungiu Arão, Ele estava separando,
consagrando Arão para um relacionamento mais profundo com Ele através do
Espírito Santo. Portanto, Davi está dizendo que a união entre os irmãos, a
comunhão é tão preciosa quanto à separação de alguém ao ministério.
“É como o orvalho do Hermom quando
desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor concede a bênção da vida para
sempre”. Salmos 133.3
Não sei se você sabe, mas o monte
Hermom e os montes de Sião ficam nas extremidades norte e sul respectivamente.
Como então o orvalho desce do Hermom sobre os montes de Sião? São 190 km de
distância.
O que acontece é que o monte Hermom conhecido também
como sagrado possui o cume sempre coberto de neve. No verão, que vai de Abril a
Outubro, o vento norte sopra fazendo o orvalho descer o monte e formar um
ribeirão chamado Banías, esse deságua no Rio Jordão e desce até os montes de
Sião. Sabemos que a água é uma riqueza, pois abençoa vidas por onde passa,
assim é o orvalho do Hermom. Da mesma forma a convivência em comunhão, união
gera vida, cura, alimenta, sacia a nossa sede. A união entre os irmãos é uma
grande riqueza direcionada por Deus.
Concluo reforçando que o Salmo 133
aborda que a comunhão, a união entre os irmãos é a vontade de Deus para nós,
boa e agradável. Portanto, que hajam mais pamonhadas, churrascos e pescarias e
menos refeições a sós, pois as reuniões entre os irmãos são uma forma de Deus
se fazer presente em nossas vidas.
Que Deus lhe abençoe e que vivamos sempre
em união! Afinal, podemos ser ou pensar de forma diferente, mas somos filhos do
mesmo Pai.