terça-feira, 31 de maio de 2016

O que a bíblia diz sobre o estupro

         Nos últimos dias, um dos assuntos mais comentados e mais polêmicos é o estupro. Não quero nesse texto dar a minha opinião sobre o acontecido no Rio de Janeiro na semana passada, o julgamento em questão está nas mãos da polícia. O que quero aqui é trazer o que a bíblia tem a dizer sobre o assunto.
         Em Hebreus 4.12 está escrito que “a palavra de Deus é viva e eficaz”, e é por isso que temos oportunidade e conteúdo para falar sobre o assunto. Temos pelo menos dois casos relatados na Bíblia que dá a ideia de estupro, e o detalhe é que aconteceram em famílias de grandes homens conhecidos até pelos incrédulos, Jacó e Davi.
         O primeiro caso que temos na Bíblia se encontra já no primeiro livro, em Gênesis 34 conta-se a história de quando Diná, filha de Jacó foi deflorada. Há controvérsias se Diná foi ou não estuprada devido a ausência da palavra hebraica “chazaq”, que significa forçar. A ausência dessa palavra que comprova que Deuteronômio 22.28-29, onde muitos pensam falar de estupro, fala de fornicação. O verbo “violentar” presente na história de Diná (Gn 34.2) e na lei de Israel em Dt 22.28-29 tem um sentido melhor como “humilhar”, pois não se trata de usar a força no ato sexual e sim causar desonra. Naquele tempo, a fornicação, ou seja, o sexo antes do casamento era motivo de desonra à moça e à família dela. Nos tempos de hoje isso não é tratado como algo tão grave por muitos, mas não deixa de ser um pecado abominável por Deus (1 Co 6.9-10).
         Se o caso de Diná pode ser controverso, temos um caso onde não há dúvidas, e o pior, trata-se de um crime cometido pelo meio-irmão da vítima, estou falando do caso de Tamar, filha de Davi, que foi estuprada pelo seu meio-irmão Amnom. O relato está em 1 Samuel 13 e não deixa dúvidas de que foi um legítimo e triste caso de estupro. Em muitos casos nos dias de hoje, há aqueles que absurdamente dizem que uma ou outra mulher mereceram tal atitude por conta de roupas ou liberdades dadas, dentre outras coisas. Considerando que no tempo de Tamar as filhas do rei virgens utilizavam uma túnica longa, ou seja, uma roupa extremamente comportada e que no início do capítulo, a Bíblia relata que Amnom via como impossível uma aproximação de Tamar (2 Sm 13.2), dá-se a ideia de que ela não lhe dava liberdades para chegar a esse ponto. Portanto, afirmo que o problema não está na vítima, e sim no coração ou na falta dele, de quem comete o delito.
         Jesus disse em Mateus 24.12 que “devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará”. É por isso que a violência e a injustiça têm aumento a cada dia. É por isso também que os dias foram abreviados (Mt 24.22).
         Falando agora das consequências para os criminosos, tanto Siquém, quem violentou Diná, quanto Amnom tiveram o mesmo fim, foram assassinados. Siquém ainda trouxe mal a todo o seu povo, pois todos os homens foram assassinados por Simeão e Levi, irmãos de Diná. Amnom também foi assassinado por seu meio-irmão Absalão, porém, vale lembrar que ambas as atitudes foram reprovadas pelos pais Jacó e Davi e principalmente por Deus. Fez se verdadeiro o que diz o Salmo 42.7: “abismo chama abismo”.
Nos tempos antigos, na dispensação da lei, ou seja, no Antigo Testamento, estupro e adultério eram crimes que tinham como punição a morte. Porém, nos tempos de Jesus, tivemos um caso de adultério relatado em João 8, onde a mulher inclusive foi pega em flagrante, mas Jesus não a condenou à morte, antes deu uma segunda chance àquela mulher, de se arrepender e abandonar o pecado (Jo 8.11). Não quero aqui pregar a impunidade, longe disso, creio que as leis civis existem para que a justiça seja feita, mas pagar o mal com o mal, fazer justiça com as próprias mãos nos deixa no mesmo nível dos criminosos, faz de nós também pecadores, e o salário do pecado é a morte (Rm 6.23), e não uma morte simplesmente física, mas eterna. Então, sigamos o que o apóstolo Paulo ensinou aos Romanos:
“Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor”. Romanos 12.19
         Falando agora das consequências para as vítimas, sem sombra de dúvidas, o mal cometido traz sérias consequências à vítima que necessita de apoio dos familiares e dos amigos e também de tratamento psicológico. Além disso, precisamos nos lembrar o que diz o Salmo 103:
“É Ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças, que resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão, que enche de bens sua existência, de modo que a sua juventude se renova como a águia. O Senhor faz justiça e defende a causa dos oprimidos”. Salmos 103.3-6
         Deus pode trazer cura e resgatar da sepultura às vítimas oprimidas. Ele também faz justiça, porque Ele é bom, e a sua benignidade dura para sempre!

         Que Deus tenha misericórdia e traga cura e restauração às vítimas e aos que sofrem com elas!

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Aprendendo a andar de bicicleta

         Você se lembra quando aprendeu a andar de bicicleta? Faz tempo, não é mesmo? No início precisamos de rodinhas até aprendermos a pedalar. Quando tiramos as rodinhas descobrimos que o equilíbrio é fundamental, principalmente nas curvas. Além do mais é preciso saber usar o freio corretamente para evitar um susto ou a possibilidade de desequilíbrio e consequentemente a queda.
         Agora levemos esse aprendizado como metáfora de nossas emoções. Será que temos conseguido manter o equilíbrio durante a nossa caminhada? Será que temos feito o bom uso do freio? Ou será que temos nos arriscado em manobras em que as chances de se machucar são enormes?
         Em Gálatas 5.22 temos como último aspecto do fruto do Espírito Santo o domínio próprio ou temperança. Em Efésios 5.18 somos ordenados a viver sóbrios:
“Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito”.
         Viver sóbrio é ser moderado, equilibrado. Precisamos de moderação em todas as áreas da vida e em todos os momentos. O apóstolo Pedro também nos dá o mesmo conselho em sua carta:
“Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar”. 1 Pedro.5-8
         John Stott falando sobre os aspectos do fruto do Espírito ensina que o domínio próprio é o senhorio sobre a língua, os pensamentos, os apetites e as paixões. É importante ressaltar que mesmo o fruto do Espírito tendo origem sobrenatural, precisamos dar condições para que ele seja produzido em nós.
         Frequentemente somos tentados a extrapolar limites. Seja em dias estressantes ou em uma conversa amigável, o calor da conversa pode colaborar para que insultos, fofocas e mentiras saiam de nossa boca. Pensamentos, apetites e paixões também são frutos do que temos alimentado. Se procuramos prazer em coisas ilícitas, provavelmente teremos pensamentos, apetites e paixões ilícitas também. É a chamada lei da semeadura argumentada em Gálatas 6.7:
“Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá”.
         É por isso que a sobriedade é impossível de ser alcançada sem vigilância e disciplina. Quem caiu de bicicleta porque utilizou o freio de forma brusca em cima do cascalho provavelmente terá mais cuidado na próxima vez. Quem já se acidentou por correr demais também será mais atencioso quanto a velocidade ideal durante uma volta. Os erros do passado servem como experiência para que saibamos quais devem ser os nossos limites hoje. Após a identificação desses limites temos como meta exercer a disciplina para não os ultrapassar.

         Que o Espírito Santo produza em nós o equilíbrio necessário diante de todas as circunstâncias. Mas que nós também sejamos dedicados exercendo a vigilância e a disciplina, pois só assim teremos um passeio agradável e produtivo nessa vida.

sábado, 14 de maio de 2016

Uma linda mulher

Hoje quero fazer uma analogia do filme “Uma linda mulher”. Não quero de maneira alguma apresentar nossa personagem como uma prostituta, mas como alguém que precisava de ajuda. Falo de uma viúva, estrangeira, que foi ajudada e acabou se casando com um homem bondoso e rico. Já sabe de quem estou falando? Estou falando da história de amor de Rute e Boaz.
Boaz, logo que viu Rute já quis logo saber quem era. Veja no capítulo 2, versículo 5:
“Boaz perguntou ao capataz dos ceifeiros: ‘A quem pertence aquela moça? ”.
Não quero fazer apologia ao amor à primeira vista. Mas posso dizer que o primeiro olhar, o primeiro encontro, a primeira impressão, a primeira conversa, tudo isso pode representar um ótimo início. 
Depois da parte do “quem é aquela? ” Boaz tratou-se logo de se apresentar demonstrando gentileza, segurança e solicitude (Rt 2.8-9). Evidentemente a atitude de Boaz chamou a atenção de Rute que quis saber porque o galã estava sendo tão bom com ela. O que ele queria? Ainda mais ela que além de novata era estrangeira (Rt 2.10). Então Boaz afirma que já tinha puxado a ficha dela e concluído que ela era alguém que merecia cuidado e atenção. Ela valia a pena.
         O nosso mocinho da história continuou impressionando. Elogiou a atitude de Rute para com a sogra. Talvez pensasse: “Se cuida tão bem assim da sogra depois do marido morrer, imagina de nossos filhos”. Depois ele a serviu muito bem na hora do almoço e ainda pediu um tratamento especial a ela para os seus servos.
E não pensem que foi só o Boaz que ficou impressionado. Ao chegar em casa Rute testemunhou à sua sogra o quanto foi bem cuidada e então recebeu a notícia de que Boaz era o seu resgatador (Rt 2.20), em outras palavras, o príncipe do cavalo branco, o Richard Gere da Julia Roberts. O que isso significa? Em Levítico 25 é explicado que numa situação de necessidade as pessoas vendiam parte de suas terras para sobreviver. Só que era uma venda temporária. O vendedor poderia trabalhar para comprar de volta ou algum parente poderia vir e comprar a terra. Porém, no caso de viuvez, ou seja, o marido morrer, o resgate acontecia por meio de casamento. Geralmente o irmão assumia a cunhada e o primeiro filho que nascesse teria o nome do tio morto, para que o nome do falecido não fosse apagado de Israel. Quando não havia irmão, o parente mais próximo faria isso (Dt 25.5-6).
         Quando Noemi diz a Rute que Boaz era um dos resgatadores da família, ela estava dizendo que ele era um primo que teria que resgatá-la. Rute gostou de ouvir isso e foi se produzir. Ouvindo o conselho de Noemi ela passou perfume, vestiu a melhor roupa e foi procurar Boaz (Rt 3.3).
         Talvez pela primeira vez na Bíblia vemos uma mulher tomar atitude. É, a mulher está dando o primeiro passo. Quem disse que isso é proibido? Rute contou a Boaz que ele era um resgatador que foi praticamente um pedido de casamento.
         Boaz novamente fica encantado e admirado. Provavelmente ele era mais velho que Rute, pois ele diz que ela poderia ter ido atrás dos mais jovens (Rt 3.10). Mas Rute queria o coroa gente boa. E Boaz também queria aquela que ele chama de mulher virtuosa (Rt 3.11).
         Em Provérbios 31.10 está escrito que feliz quem encontrar a mulher virtuosa. Pois ela é muito mais valiosa que os rubis. Boaz entendia isso e não queria perder a bênção. Veja o que ele diz no versículo 11 de Rute 3:
“Farei por você tudo o que me pedir”.
         Estava ou não estava com moral a tal da Rute?
         Rute era mulher virtuosa, mas também preciso destacar as qualidades de Boaz. Um bom homem. Por várias vezes vemos essa qualidade de Boaz ao longo do livro de Rute. Também podemos notar que ele era temente a Deus. Quando chegou na plantação saudou os ceifeiros dizendo: “O Senhor esteja com vocês! ” (Rt 2.4). Quando Rute deu aquela intimada nele, ele a recebe dizendo: “O Senhor a abençoe, minha filha! ” (Rt 3.10). E depois fez um compromisso com Rute “em nome do Senhor”.
         Além de bom e crente, Boaz era lutador. Corria atrás de seus objetivos. Mesmo sabendo que teria alguém na sua frente da fila para se casar com Rute, correu atrás. Procurou a melhor forma de convencer o seu parente, provavelmente um primo, de que não era um bom negócio para ele se casar com Rute. Mas ele faria aquele “sacrifício”. Fez isso de forma justa e na frente de autoridades para não ter erro depois.
         O livro de Rute termina com um belo final feliz. Casamento e nascimento de um filho, Obede, o avô de Davi. É uma bela história, de uma linda mulher por fora e principalmente por dentro. Mas também a história de um homem bonito. Para se merecer uma linda mulher também é necessário ser bonito. Quando digo isso, claro que está inserida a parte que faz bem se cuidar (tomar banho, escovar os dentes, passar perfume), mas, o que nós homens podemos oferecer de mais belo é o nosso temor a Deus refletido através da piedade, além da determinação em oferecer sempre o melhor para aquela que Deus nos deu.
         Se você já encontrou a sua Rute ou o seu Boaz, que Deus abençoe o seu relacionamento! Se você não encontrou, que Ele lhe abençoe na busca!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...