quinta-feira, 28 de julho de 2016

A turma do amendoim

         Você faz parte da turma do amendoim? Esse nome foi dado pelo técnico Felipão, na época em que ele dirigia o Palmeiras, fazendo referência aos torcedores que ficavam atrás do banco de reservas comendo amendoim, reclamando em cada passe errado do time ou em cada ação do treinador do time, principalmente com o time perdendo.
         A turma do amendoim é repleta de gente não entra em campo, mas gosta de apontar os erros de quem está lá dentro. Quando digo isso, não falo apenas de futebol. A turma do amendoim está presente nos relacionamentos, nos negócios, na família, e até na igreja, sim, na igreja também.
         Quando esses críticos vão para a internet são chamados de haters, e tem para todos os gostos e todos os assuntos, alguns mais comedidos e outros bastante ofensivos, a grande maioria sem um pingo de piedade.
         E o que será que a Bíblia diz sobre tudo isso? No fim da primeira carta à Timóteo temos um precioso ensinamento quanto a esse comportamento:
“Timóteo, guarde o que lhe foi confiado. Evite as conversas inúteis e profanas e as ideias contraditórias do que é falsamente chamado conhecimento; professando-o, alguns desviaram-se da fé. A graça seja com vocês”. 1 Timóteo 6.20-21
         A turma do amendoim gosta muito de se colocar no lugar do outro, sempre contando alguma vantagem, pois bem, se você faz parte ou não dessa turma, convido você agora a se colocar no lugar de Timóteo, observe atentamente o conselho do apóstolo Paulo.
         Guarde o que lhe foi confiado! Quando o apóstolo Paulo se refere ao que foi confiado a Timóteo ele está falando de fé (2 Tm 1.13-14). Isso significa que Timóteo, assim como nós, deveria compartilhar aquilo que foi depositado sem tirar nem pôr, ou seja, trata-se de preservar o puro, não misturar joio e trigo. E como fazer isso? Através de três atitudes listadas a seguir:
Evite as conversas inúteis! Temos a mania de querer saber mais do que quem já fez ou faz as coisas a muito mais tempo que nós. É a famosa sina de querer ensinar o padre a rezar a missa. O fato é que não precisamos dar opinião sobre tudo. Não precisamos ter sempre que atacar ou defender alguém para demonstrar conhecimento. O tolo se passa por sábio quando se cala (Pv 17.28).
Evite as conversas profanas! Gosto de ouvir opiniões, mas o excesso de palavrões em alguns textos e vídeos me tiram do sério e me fazem desistir de ver alguns materiais. Quem não consegue expor seu ponto de vista sem ofender o próximo demonstra fraqueza e insegurança. O Rev. Hernandes Dias Lopes afirma que “aqueles que se entregam aos falatórios inúteis e profanos tornam-se piores e se degradam ainda mais”.
Evite as ideias contraditórias! Muitos querendo demonstrar conhecimento acabam se contradizendo. Esbanjam habilidade na oratória, mas pecam na fundamentação. Se tratando de assuntos teológicos, muitos “mestres” erram por não conhecerem as escrituras (Mt 22.29), se perdendo no básico.
Deixemos o amendoim, a pipoca, o refrigerante, o café, a inveja, a insegurança, a desconfiança e tudo o que nos acompanha quando tentamos atingir o próximo com nossas críticas e nos alimentemos um pouco mais de amor, compaixão, pró-atividade e disponibilidade para, ao invés de desviar do caminho da fé, possamos encontrar os que estão perdidos convidando-os a nos acompanhar nessa difícil, porém, vantajosa caminhada que tem como destino o reino dos céus.
Que a graça do Senhor Jesus esteja com você!

BIBLOGRAFIA
LOPES, Hernandes Dias. 2 Timóteo: o testamento de Paulo à igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.
STOTT, John R. W. A mensagem de 1ª Timóteo e Tito: a vida da igreja local: a doutrina e o dever. São Paulo: ABU Editora, 2004.

terça-feira, 12 de julho de 2016

No meio do caminho tinha uma pedra

         Como você lida com as pedras em seu caminho? Provavelmente você já deve ter visto o popular poema de Carlos Drummond de Andrade intitulado “No Meio do Caminho”. Creio que os versos mais fortes do poema são:
“Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra”.
         O que seria a pedra? Estudiosos afirmam que o autor se referia a obstáculos, problemas que temos que lidar durante o caminho, a vida.
         Todos passamos por problemas. Jesus afirmou que no mundo teríamos aflições, dificuldades, obstáculos, mas no mesmo versículo, João 16.33, ele diz:
“[...] contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”.
         Em outras palavras, Jesus disse: “Haverá pedras no caminho!” Mas como vamos lidar com essas pedras? Com ânimo, confiando em Deus, pois isso faz toda a diferença. Procurando pedras no caminho de personagens bíblicos, encontramos atitudes exemplares que podem nos dar ânimo para prosseguir. E esse é o objetivo, como bem disse o apóstolo Paulo na carta aos Romanos:
“Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo precedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança”. Romanos 15.4
         Vamos aos exemplos!
         Jacó quando se deparou com uma pedra no caminho, fez dela um travesseiro (Gn 28.11) e depois construiu um altar com ela (Gn 28.22), dando início à sua viagem de peregrinação para a terra em que Deus o prosperaria, mas não sem ter que lidar com outras pedras.
Moisés em meio ao deserto, diante de uma grande pedra que era a sede de milhares de pessoas tirou água de uma outra pedra (Ex 17.6).
Samuel depois de derrotar uma grande pedra que era o domínio dos filisteus, pegou uma das pedras em seu caminho e a chamou de Ebenézer, dizendo: “Até aqui o Senhor nos ajudou” (1 Sm 7.12).
A famosa história de Davi também nos conta que uma pedra e uma funda foi o suficiente para ele derrotar o gigante Golias, a pedra temida por todo um exército (1 Sm 17.50).
         Haverá pedras no caminho, mas em Jesus somos mais que vencedores (Rm 8.37). Ele é quem transforma as pedras em instrumentos de bênçãos. Ele é a pedra viva, a pedra angular e aquele que nela confia jamais será envergonhado (1 Pe 2.6).
         Se crermos nessa palavra não diremos que havia uma pedra no caminho, mas que a pedra é o caminho, a verdade e a vida.

         Que o Senhor abençoe sua vida e lhe dê animo diante das demais pedras!

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Um abraço vale mais do que mil palavras

         Para você, quanto vale um abraço? Temos na Bíblia um relato que nos leva a refletir sobre isso.
         Quando Paulo e sua caravana missionária se reuniu em Trôade temos um grande acontecimento, uma ressurreição. Mas antes de chegar nesse milagre gostaria de atentar para alguns detalhes.
         Lucas, o escritor do livro de Atos nos relata que um dia antes de ir embora, Paulo estendeu a reunião falando até meia noite (v. 7). Para não termos dúvidas de que o discurso foi longo, temos o relato do versículo 9:
“Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormeceu profundamente durante o longo discurso de Paulo [...]”.
         Creio que precisamos ir à casa do Senhor com ânimo e disposição. Isso quer dizer que precisamos nos esforçar para ir à igreja com a “bateria carregada” para oferecermos o nosso melhor à Deus e também para não dormir e consequentemente passar vergonha na frente dos irmãos.
Agora levando em conta os dias de trabalho ou estudos esgotantes, a semana cheia de atividades e às vezes alguns imprevistos, entendemos que dormir na igreja não é o fim do mundo, principalmente quando o culto ou a pregação é prolongado. O grande problema é que Êutico adormeceu sentado em uma janela no terceiro andar. A essa altura você já consegue imaginar o que aconteceu, não é mesmo? Veja a sequência do versículo 9:
“[...] Vencido pelo sono, caiu do terceiro andar. Quando o levantaram, estava morto”.
         Nesse momento todos os sonolentos despertaram, certamente houve um grande alvoroço naquele lugar. Então Paulo para de falar por um momento e age:
“Paulo desceu, inclinou-se sobre o rapaz e o abraçou, dizendo: ‘Não fiquem alarmados! Ele está vivo’”. Atos 20.10
         Depois disso Paulo aprendeu a lição. Parou de falar? Não. Serviu o lanche para despertar o sono do povo e depois falou até o amanhecer e foi embora (v. 11).
         Brincadeiras à parte, o que gostaria de trazer à reflexão é que muitas vezes um abraço ou alguma outra atitude de amor ou piedade irá dizer mais do que mil palavras. Possivelmente depois de um tempo, o discurso de Paulo naquela noite ou naquela madrugada foram esquecidos pelos que ali tiveram, mas dificilmente esqueceram do abraço que trouxe vida.
“Levaram vivo o jovem, o que muito os consolou”. Atos 20.12
         Os nossos abraços também pode trazer vida e consolo. Vivemos em tempos de aflição, onde muitos choram e a natureza geme (Rm 8.22). Ao invés de questionar o sono dos Êuticos ao nosso redor, ofereçamos consolo, vida. Afinal, todos estão aguardando com expectativa a manifestação de amor dos filhos de Deus (Rm 8.19). Portanto, estejamos mais dispostos a demonstrar amor ao próximo, a dar abraços, a enxugar as lágrimas do que choram, a oferecer ajuda aos necessitados do que a ter um discurso convincente.

“Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. 1 João 4.8
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