segunda-feira, 6 de junho de 2016

Até que a sorte nos separe

         Hoje quero contar a história de uma das mulheres mais detestadas da Bíblia. Alguém que teve a infelicidade de aconselhar o marido a amaldiçoar a Deus. Sabe de quem estou falando? Da mulher de Jó, conhecida por alguns teólogos como Sitis.
      O livro de Jó provavelmente foi o livro mais antigo a ser escrito, apesar de não se ter certeza quem escreveu, estima-se que foi Moisés. O relato se passa na época patriarcal, ou seja, nos tempos de Abraão, Isaque e Jacó, mas não há uma definição específica de seus contemporâneos. Alguns intérpretes judeus precipitados inclusive chegaram a dizer que a mulher de Jó foi Diná, filha de Jacó, mas esse argumento é extremamente contestado.
         A história bíblica conhecida por muitos através do livro que leva o seu nome conta que Jó era o homem mais rico do Oriente (Jó 1.3). Ele tinha sete filhos e três filhas (Jó 1.2), além de um numeroso rebanho de ovelhas, camelos, bois e jumentos (Jó 1.3). E diante desse cenário Deus se alegrava com a vida reta de Jó (Jó 1.8).
Como na vida nem tudo são flores, chegou um dia em que Jó perdeu tudo, todos os filhos em um acidente, os rebanhos de bois, jumentos e camelos foram roubados e ovelhas queimadas (Jó 1.14-19). Como alguém seria capaz de suportar tamanha tragédia? É doloroso perder um ente querido, um filho então deve ser uma dor insuportável, e dez? Além disso, perder todo o seu grande patrimônio de uma só vez, deixar de ser o homem mais rico do Oriente e se tornar alguém pobre, sem nada. Muitos questionariam Deus em tais circunstâncias, mas Jó se prostra ao chão em adoração e em nada culpa o Senhor (Jó 1.20-22). Que exemplo!
Qualquer um ficaria amargo diante dessa situação, mas estamos falando de alguém perseverante, não o fictício Joseph Climber, estamos falando de alguém real, que continuava dando prazer ao Senhor (Jó 2.3).
         E se pensarmos que não era possível piorar, a história nos conta que sim, pois Jó também adoece, é afligido com feridas terríveis dos pés à cabeça (Jó 2.7). Ele raspava o próprio corpo com um caco de louça, até que sua esposa, a Sitis, entra em cena.
         Em momentos de sofrimento, de dor, é comum não segurarmos o que estamos sentido e de repente dar aquela desabafada. Todo mundo tem o seu limite, e provavelmente o de Sitis havia chegado ao fim. Ela também estava sofrendo, mas ao ver Jó doente achou que era demais, começou a ter pensamentos pessimistas, perdeu a fé. E isso fez com que ela e Jó se desentendessem.
         A discussão de Jó e sua esposa está nos versículos 9 e 10 do segundo capítulo:
“Então sua mulher disse: ‘Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoa a Deus, e morra! ’ Ele respondeu: ‘Você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal? ’ Em tudo isso Jó não pecou com os lábios”.
O texto acima nos traz uma polêmica teológica quanto à palavra “amaldiçoa”. Poderíamos gastar um bom espaço quanto ao debate sobre qual é o real significado da palavra, mas podemos entender que nas entrelinhas a esposa de Jó estava dizendo: “Entregue os pontos! Desista! ”. No comentário versículo por versículo de Champlin há uma referência de que a intenção de Sitis era propor uma eutanásia a Jó, ou seja, argumentar que a morte era um bom negócio diante de tanto sofrimento. Podemos ver claramente que Sitis havia perdido a fé ou pelo menos demonstrado nunca ter tido.
         Jó chamou sua esposa de insensata, outras versões usam a palavra “louca”. Nota-se que havia uma divergência grande de pensamentos. Enquanto Sitis achava loucura a fidelidade de Jó, o mesmo achava loucura o pensamento da esposa.
         Em seguida, Jó fala sobre a dupla personalidade de sua esposa quanto ao agir de Deus em suas vidas. Enquanto estava tudo bem, enquanto eles eram prósperos ela tinha fé, recebia as bênçãos de Deus de bom grado, porém, agora é diferente, a fidelidade, a fé, foram embora junto com a “sorte”?
         Muitos casamentos acabam devido a problemas não conjugais, mas secundários que se transformam em conjugais. Dívidas, fatalidades e até enfermidades revelam a diferença entre os casais, no qual o problema se transforma em obstáculo, fazendo com que eles se separem.
         O livro de Jó termina com muitas boas notícias. Quanto ao patrimônio ele agora tem o dobro de tudo o que tinha antes (Jó 42.12). Além disso ele teve novamente sete filhos e três filhas (Jó 42.13). Então eu pergunto: com quem Jó teve novamente dez filhos? Com Sitis. A Bíblia não relata divórcio, abandono ou nada do tipo, portanto não temos razões nenhuma para crer que Jó teve outra esposa, ou seja, a sorte ou a falta dela não os separou.
Nas cerimônias de casamento os celebrantes costumam perguntar: “Na saúde e na doença? Na alegria e na tristeza? Na riqueza e na pobreza? ”. Por quê? Temos a resposta no Evangelho de Marcos:
“Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe”. Marcos 10.9
         Se você é casado (a), a frase correta é ATÉ QUE A SORTE MORTE OS SEPARE!
         Se você ainda não se casou, pense bem antes de tomar essa decisão, pois o casamento não é algo descartável, ou seja, não é um jogo de sorte, mas uma bênção de Deus para ser desfrutada para o resto da vida.
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